UM RABISCO QUALQUER
 
 
“Não sou um poeta.
Sou um verso do universo
Que não se completa!”
 
       Arão Filho
 
 
Sou verso branco e busco um bem bastante,
Degusto em grande gosto – em gozo e gula –,
A rica rima rara – com firula –,
Instando-me – num ímpeto –, d’instante...
 
Procuro o ponto – e a ponta – que me espante,
Na lida cada letra – a mim – pulula...
Nadando em mar de anelo não me anula,
A ânsia, e o amor na alma adiante...
 
Em vão até me acho – e fico ancho –,
Co’ a pena, o papel com tinta mancho;
Um rabisco qualquer – pensando em verso.
 
E vejo, então: “Não é fácil ser poeta!”
Pois meu rabisco nunca se completa,
Sou pólen de poeta ao universo...
 
22/07/09

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Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 22/07/2009
Código do texto: T1714172
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