A minha alma
A minha alma perdi n’alguma esquina,
Dessas inexpressivas, onde andei
Tão sujo e decadente. Não tem lei
Aqui no beco da fadada sina.
Ah! Só sinto cansaço, só cansaço
Nessa vida torpor de vagabundo,
Que de tanto cuspir matou seu mundo,
Terra podre, que morta, jaz no espaço.
Sou cemitério por inteiro, dentro
De mim só tem jazigos desolados.
Por cima deles, corpos enforcados.
Zumbis sarnentos nessa noite enfrento.
Minhas covas estão cheias de lama,
Tudo escuro e não vejo minha chama.