DESALENTO
Eu me chamo TRISTEZA, meu viver é o VAZIO.
Eu resido no TEMPO, o meu rumo é a VIDA.
Minha casa é a SAUDADE, minha mágoa é sentida,
SOLIDÃO é meu pouso e me cubro de FRIO.
Minha idade se conta pela conta das penas.
Sou atriz do teatro chamado ABANDONO.
Sem nome é a peça, sem fim e sem dono,
ANGÚSTIA E PRANTO E DOR são seus temas...
Só vêm em meu rosto alegria e sorriso.
(sou atriz, não se esqueçam, o meu nome é TRISTEZA).
Guardo em meu peito inquieta incerteza.
Coloco a máscara só quando é preciso...
Da platéia recebo uma salva de palmas,
Mas não sabem que choro em oculto e segredo,
Que estou do AMOR neste longo degredo,
Gargalhando a todos, soluçando em minh’alma...
Janeiro de 1971
Recém viúva