DOIS TEMPOS
Sá de Freitas
Quantas vezes te vi e não me viste;
Poemas tantos te escrevi, não leste;
Quantos suspiros meus, de amor, ouviste;
Quantas promessas fiz e tu não creste.
Quantos beijos te dei, não os sentiste;
Quanto te amei e tu não compreendeste;
Quando parti chorando tu sorriste,
Nem o aceno de adeus me respondeste.
Mas lentamente o tempo foi passando,
Grandes progressos fiz e me esforçando
Tudo o que eu sempre quis fui conseguindo.
Então vieste interessadamente
Me procurar. Mas eu indiferente,
Virei-lhe as costas... Me afastei sorrindo.
(Soneto imaginário)