BRAVURA

Cria o poeta a canção em agonia.

Retrata a dor na calma que inexiste.

Não sabe se ri ou se chora a poesia,

mas o artista, impávido, luta, insiste.

A noite envelhece... madrugada morre

o silêncio das horas cresce...apavora!

Só a rima, tranqüila ainda, socorre,

e com ares de paz o verso decora.

Escrava é a solidão que o persegue,

ingrata palavra que o ser carrega...

talvez a manhã nascente, sossegue.

Assim, cansado, por fim acalma:

E o poema pronto sequer percebe,

a cicatriz feroz deixada na alma.

Soneto dedicado a amiga e mestra Elen Nunes.

Do aluno e fã.