ETÉREO EXISTIR

Eu vou, desta vida descontente,

deixando poemas ao mundo atrás.

Fui infrutífero, não fui capaz

de ser de mim, a própria semente.

Fui subjugado ao cineral

de frustrações, mágoas, derrotas.

As orgias abriram as portas,

sem fé me vi cercado, sem ideal.

E ao passo longo das dores,

brotou em mim a saudade louca

dos seres, da vida, dos amores.

Estou pronto, vou embora, bem sei;

nada semeei, apenas levo na boca

o verso: – Parto triste, como cheguei.