FERIDAS DE OUTONO
O calor queima e meu corpo sente frio!
O sol explode no azul do firmamento.
A solidão chega qual raio, num momento
Como a tempestade na seca do estio!
O ar de Outono traz-me à alma este vazio,
Estimulando um leve atordoamento,
Como se fora do meu corpo o complemento,
Que, em tremores, foge do amor, arredio!
Ah! Quem me dera este Outono que me invade
Sutil e silenciosamente me translade
Para outras plagas onde eu possa adormecer
Despertar em novas manhãs - em outras tardes
Sem que eu pressinta esta ferida que me arde
Livre da dor que teima em me acometer!