SONETO DA MANHÃ CINZENTA

Eu estou sempre muito ocupado

Sem tempo nem de olhar para mim,

Perdido num viver conturbado,

Onde as referências se esvaem

Em nichos escondidos e estanques,

Como se todos os olhos escurecessem

E todas as mãos se fizessem inúteis

Ao final de uma longa viagem.

Assim vago na manhã cinzenta:

Famoso trapezista, hoje esquecido,

Depois de errar uma simples pirueta;

Imagem desconhecida no espelho da pia,

Sucessão de eventos no filme rebobinado,

Desfile de imagens de fingida alegria.

- por JL Santos, em 29/03/2009 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 29/03/2009
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