SONETO À CHUVA
Caía uma chuva de prata,
e eu, não era ninguém.
O pássaro que cantava na mata,
se calou ao trovão também.
Corriam gotas já em cascata,
quando ouvi a voz do além;
desprendi-me daquela sonata,
em busca de mim, de ninguém.
Foi a procela decantada,
banhando a terra agreste
e minha alma devassada.
Molhado ficou o cipreste...
Cessa! Minh’alma fica estampada
no infinito azul celeste.