Mulher da favela
Mulher tão sofrida
Que mesmo parida
Apanha do homem
Que fez o menino
E a pobre ainda ri
Com a boca sem dentes
De que?
Ninguém sabe... Mas vive a sorrir
E eu lhe pergunto:
-Por que não separa, ou o denuncia,
Fazendo que as surras, enfim se acabem?
E ela responde:
-Tenho medo, vai me faltar o pão,
E ele diz que me mata...
E eu grito:
-Covarde!
-Do que tens mais medo
É do trabalho honrado
Embora pesado
Na casa alheia
Do que tens medo, não é a falta do pão
E sim na verdade, de não mais poder
Fazer pose de vitima
Por não mais sofrer
Preferes a surra, ao labor honesto
E só Deus é que sabe
O quanto ainda vale essa tua vida
Pois dessa maneira
Há de chegar o dia, que o homem
Há de te matar
Acorda Mulher,
Liberta-te
Hoje é teu dia!
Silvia Fedorowicz