"E N T A R D E C E R"
Os sinos dobram a cada fim de tarde
De praxe, é o funeral de mais um dia
Que o anoitecer já brota sem alarde
Se instala, em vastidão a monotonia
Do peito, a solidão, demais covarde
Se sobressai da sombra secamente
De iluminar bem menos do que arde
Cansa a luz que fora incandescente
Recolho-me ao silêncio da caverna
Até que esmoreça a noite eterna
E apague, no poste, a lâmpada fria
Às vezes, inquieto, perco a calma
E ao fundo ouço soluçar minh'alma
Imitar, em triste canto, a cotovia...