O POETA DO POVO

Quem junta ao riso seu do pequenino o gozo,

Ou une à sua mágoa a dor da populaça,

Alegre canta ou chora à proporção que passa

O sentimento humano, ou triste ou venturoso;

Quem sabe se elevar acima da chalaça,

Mostrar-se brando aqui, ali se erguer raivoso,

Aos quatro ventos leva a Musa sem mordaça,

Condena o que é desvairo, aclama o que é honroso;

Às vezes se eteriza, em mágico transporte,

O firmamento galga, ou desce ao mar cantando,

Contempla a lua - um verso iluminado, brando...

Mas, volta-se afinal - esta é a suprema sorte! -

E terno, chora ou ri num verso sempre novo,

Este é poeta, sim! Merece a palma ó povo!

Nota, do livro "Safiras e Outros Poemas", 1960, Belém, PA