SONETO DOS SESSENTA E UM
Quero um presente que ninguém me dá,
nem o tempo, nem Deus, nem a ilusão.
Voltar aos vinte anos, vinte cinco...
Vamos dizer aos trinta, nem um mais.
Correr, jogar peteca para o alto,
braço estendido e firme, as pernas ágeis.
Pular corda, chutar a bola em gol,
trabalhar, produzir, sentir-me útil.
Produzir para o filho e para o neto
(quero que fique o neto, por que não?),
produzir para a pátria e a humanidade.
Viver, meu Deus, cantar, sorrir, viver!
Ter oito anos, trinta... Nem um mais!
Ir por aí desfiando o tempo.
PS. Vinte e quatro anos depois e ainda nos oito, continuo desafiando o tempo. Está sentado em minha porta espiando, espiando... Segura São Pedro, segura o tempo!