UM VERSO TODO TEU
Quisera dar-te um verso todo teu,
MOldado aos teus quereres e anseios,
A exprimir, sem falhas ou rodeios,
O amor que tanto, tanto, já cresceu,
Que mais não cabe em mim e, por seus meios,
Expande-se, em seu próprio apogeu,
A revolver os cantos do meu eu
E prosseguir em seu correr, sem freios,
Como se me levara aos pórticos do mundo,
De onde pudesse eu ver, com mais clareza,
Tudo que nele existe e não me atrai,
Porquanto a tua imagem não me sai
Da mente e não me outorga a natureza
Nada mais belo, nada mais profundo.