"TEMPUS regit VITAE"

Quando a hora dobra em triste e tardo toque

E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,

Quando vejo esvair-se a violeta, ou que

A prata a preta têmpora assedia;

Quando vejo sem folha o tronco antigo

Que ao rebanho estendia a sombra franca

E em feixe atado, agora o verde trigo

Seguir o carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono

Que há de sofrer do Tempo a dura prova,

Pois as graças do mundo em abandono

Morrem ao ver nascer a graça nova.

Contra a foice do tempo é vão combate

Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.

Caiobá/PR, 04JAN09

(*) "Soneto XII", de William Shakespeare (1654-1616),

eis o texto do soneto em seu (idioma) original:

When I do count the clock that tells the time,

And see the brave day sunk in hideous night;

When I behold the violet past prime,

And sable curls, all silvered o'er with white;

When lofty trees I see barren of leaves,

Which erst from heat did canopy the herd,

And summer's green all girded up in sheaves,

Borne on the bier with white and bristly beard,

Then of thy beauty do I question make,

That thou among the wastes of time must go,

Since sweets and beauties do themselves forsake

And die as fast as they see others grow;

And nothing 'gainst Time's scythe can make defence

Save breed, to brave him when he takes thee hence.

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 04/01/2009
Reeditado em 04/01/2009
Código do texto: T1367243
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