GRITO MUDO
Somente a alma pronuncia o grito mudo
Que a voz recusa apregoar aos quatro ventos,
Qual cuidadosa proteção aos sentimentos
Que o coração abriga, sem querer, contudo,
Que sejam fontes de agruras, ou lamentos,
Se lhes não dermos atenção ao conteúdo
E é quando, então, a alma emite o brado agudo
Que, em só um, são condensados os momentos
Aprisionados nos confins do peito amante
Até que explodam, num poema apaixoado
E se libertem às amarras do silêncio,
Independentes do que sinta ou do que pense o
Medo, talvez, de ter-se, ao mundo, anunciado
Todo o mistério que nos pertencera, dantes.