CULPA

Agora que não sei de ti me invento

Neste olhar de ternura revelada

Lembranças de outro dia meu sustento

Assim a caminhar por entre o nada…

A cada gesto teu em que me ausento

Sou salto, ensejo, fome incendiada

Mas volta sempre a mim o desalento

Que toda a tentativa é derrocada…

Onde andas espelho meu e meu castigo

Meu caminho de ausência atormentada

Que só me vejo em ti, desencontrada…

Vem, que em acaso o corpo que fustigo

É sem teu toque a ânsia desvairada

Na culpa de perder-te, em mim crivada…