Soneto Sujo
Este é um soneto sujo de lama;
tão imundo que dá enjôo à quem lê;
tão imundo que logo se sente feder,
um soneto sujo que vos chama.
Um soneto que vi no rio Tietê;
tão imundo que se queima em suja flama;
tão imundo: coração de cortesã dama,
um verso esdrúxulo e tão demodé.
Sim, senhores! Este é a lama em vós;
esta é a lama onde brincam as crianças
onde se infectam os sonhos e esperanças.
Ei-lo todo imundo diante de nós!
Um soneto que aqui começa a feder
como as margens do descaso do rio Tietê.