Sobras de vida
No casebre ao lado respinga frio e fome
Ronda-lhe muros, neblina acre de evasões…
A medo, estremece o silêncio sem nome
Órfão de caminhos, fardo em decepções…
Na mesa o nada serve-se claro e duro
Como a hóstia que é dada após sermões
Aos enjeitados, apeados no sem futuro,
Sem acórdão, termo ou interrogações…
No telhado há remendos de céu escuro,
Sombras roubadas ao chão que some
Todas tão certas que a morte as tome…
E se eternidade segue e se consome
No atalho dos logros, das frustrações
Sobra da vida, valores e intenções?