CRIOULO I - III

CRIOULO I

Há muitos séculos que domina o pampa

esta lendária figura do cavalo

de porte altivo e de potente falo,

a guardar do gaúcho a casa e a campa.

Os estrangeiros não têm igual estampa:

abrange os campos, salta todo o valo,

não teme a lança e nem do tiro o estalo

e firme campereia casco e guampa!...

Do homem da campanha companheiro,

fiel comparsa nas revoluções,

nas pencas e corridas parilheiro...

Relinchando nas guerras saudações,

na lealdade constante o quadrilheiro,

crioulo amigo, te louvo em minhas canções!..

CRIOULO II

Existe uma harmonia nesse trote:

entre minhas coxas sobem vibrações,

como se houvesse nos dois corações

um corpo apenas de vigoroso dote.

Tanto brilha no hipismo ao redingote,

quanto concorda em puxar os carroções;

mas é nas montarias dos rincões

que se mostra mais fogoso que um archote!

Quando se empina, é que domina o pampa

e percorre veloz as sesmarias,

onde mais que o cavaleiro lembra Apolo!

Pelas canhadas do pago salta a rampa

e quando eu tento cantar nas pradarias,

muito mais canta o relincho do crioulo!...

CRIOULO III

É o sangue do crioulo que me agita,

se na querência saio a camperear!...

É o cheiro do crioulo que me excita,

quando minha china venho visitar!...

É o relincho do crioulo que me grita,

quando pego a guitarra e vou cantar!...

E é o vigor desse crioulo que me incita,

A cada vez que parto pra pelear!...

Sinto nas bolas a excitação que sobe,

a cada vez que giro as boleadeiras!...

E as crinas do crioulo são mais belas

que as tranças das formosas vivandeiras!...

E que minha alma meu crioulo roube,

em nosso dia de marcha até as estrelas!...

William Lagos
Enviado por William Lagos em 12/11/2008
Código do texto: T1279985
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