Sacrifício de um Cão

Sacrifício de um cão

Caro amigo que olhava ressentido,

Morria contigo atado a um seco vinho,

Quando me pedia amargo algum carinho,

Quando via que seu corpo estremecido

Já desfilava em febre em minha festa

E arrastava um andar ao seu suplício,

Meu caro amigo como foi difícil,

Ver-me cantando em noite assim funesta

E acordar embrulhado em culpa e náusea

Pra vê-lo ainda em fúria com um cavalo,

E mesmo assim contê-lo e então levá-lo...

Mas era o meu dever, o meu ofício:

Embrulhá-lo em toalha ao sacrifício,

E ver o algoz findá-lo na eutanásia.

Ivo Tavares
Enviado por Ivo Tavares em 30/10/2008
Código do texto: T1256016