Soneto de Vingança I
Escarras, mas tu sabes que a vida
Sempre chega ao destino que se deseja:
A boca que escarra é a mesma que beija,
E torna-se rival quem era a querida
Não te vanglories desta falsa vitória:
Tenho marcas do que um dia foi dourado.
E se ainda tenho o peito machucado,
É que a pena ainda está na memória
E quando, em pleno sol, ouço seu canto;
Derrama então, o peito em pranto,
Mostrando o ponto em que mais fraqueja.
Não ouvirei nunca mais o seu acalanto,
Pois aprendi, com muito espanto:
A boca que escarra é a mesma que beija.