RISO DO TEMPO
O tempo passa... Passa que mal vejo,
Sorrindo, sem pudor, às minhas custas.
Sorri das pernas tropas, calças justas,
Sorri do meu sorriso e o meu realejo.
O realejo é rouquenho, e ainda pelejo,
Teimo no sopro; tenho-me, que augustas,
As almas dos mil mortos em mil justas
Estão comigo assim tal qual me vejo.
Então, amada, encontro-me, a mim mesmo,
Sorrindo-me de mim, sorrindo a esmo,
Nesse mundo que é meu e não se acaba.
Rirás também, rirás de certo e é justo,
Do meu simples querer – simples e augusto,
Que em sonhos vivo e me ilumina e afaga.
30-05-08.