PRECEDÊNCIA

Por que nascer poeta, triste sina,

Se, talvez, fosse mor conveniência

Eu ter-me dedicado à ciência,

Que tanta pertinácia nos ensina?

Qual terá sido, enfim, a procedência

Do que povoa a alma e a inclina

Ao verso que, teimoso, não se afina

Aos sólidos limites da prudência?

Mas eis que a mente cede ao coração

A precedência, quanto ao sentimento,

Posto que é dele o máximo poder

De, por seu próprio tino, escolher

Um, entre a coragem e o alento,

Ou mesmo, entre o amor e a solidão.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 15/08/2008
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