PRECEDÊNCIA
Por que nascer poeta, triste sina,
Se, talvez, fosse mor conveniência
Eu ter-me dedicado à ciência,
Que tanta pertinácia nos ensina?
Qual terá sido, enfim, a procedência
Do que povoa a alma e a inclina
Ao verso que, teimoso, não se afina
Aos sólidos limites da prudência?
Mas eis que a mente cede ao coração
A precedência, quanto ao sentimento,
Posto que é dele o máximo poder
De, por seu próprio tino, escolher
Um, entre a coragem e o alento,
Ou mesmo, entre o amor e a solidão.