Soneto-Saúde

Da recepção entoa fria voz:

outra alguém encontrou o ataúde,

enquanto cresce a fila sem saúde;

o tempo é o principal algoz.

E a vida é um rio que encontra a foz;

humildade é um remédio que ilude

e a sorte que nos falta amiúde.

A endemia é rotina para nós.

Gente de branco nos dá calma

enquanto o sangue vaza pela rua,

corpo quente e fria alma

e a face pálida sob a luz da lua.

É um deserto sem gota d'água

onde a saúde caminha nua.

Valdemar Neto
Enviado por Valdemar Neto em 11/07/2008
Reeditado em 08/11/2009
Código do texto: T1075677
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