RENASCER

Na consistência do ser eu me confundo,

Se ao fogo eu me dou, nasço orvalhada;

Se a terra toda abraço, me aparta o mundo

Assim sou sem porquê o pranto e nada;

Trago nos olhos chuvas salgas, rio fundo

Sou amargo gáudio, salto em derrocada

Abalo na frente, mas ancoro em segundo

E se outro persigo, sou cais de chegada.

Terra me enjeita e céu me espanta, eu sei

Que todo o espaço é meu, sem me caber

Senão o recto atalho que me trilha o ser

E para mim eu penso: onde é que errei?

Se o meu tempo de chegada é de morrer

Então meu destino ao partir será nascer!