Sem Ele
 
Na parede o relógio de pêndulo já mudo
E uma imitação barata de Pablo Picasso;
Sobre a poltrona vazia, o sobretudo,
No som, um disco de Ravel e seu compasso.
 
Sem sentir acaricia o tecido lanudo
Para sentir resquícios de seu traço;
Na parede o relógio de pêndulo já mudo
E uma imitação barata de Pablo Picasso.
 
Um gole de uísque molha o lábio carnudo
Queima as entranhas, a dor, o cansaço;
Ela só, e o tempo que se arrasta maçudo,
Sem ele, mais uma noite em seu regaço.
Na parede o relógio de pêndulo já mudo.
 
 
 




 
( Imagem google)