O HOMEM ERRADO
“(...)Em qualquer lugar é isso que os pais fazem. Estamos sempre implorando. Nos preocupando. Tudo o que podemos imaginar são as piores casos e cenários. Destruição, desespero. Dificuldades espreitando a cada passo. É isso que nos torna as pessoas chatas e mortalmente maçantes que somos.” página 13
John Katzenbach é indiscutívelmente um dos melhores escritores de suspense da atualidade, um mestre no thiller psicológico que usa em seus livros, ao mesmo tempo, uma narrativa instrutiva intelectualmente, como também numa realidade nua e crua, indicado ao Edgar por duas vezes e com algumas obras suas levadas às telonas.
Katzenbach é reconhecido por suas narrativas psicológicas, tramas que afetam a mente e o sentimento de quem o ler.
Considerado seu melhor romance, O HOMEM ERRADO (THE WRONG MAN, tradução Grace Khawali, 440 páginas, R$ 49,00) foi recentemente publicado pela editora Novo Século, uma trama elegantemente elaborada e surpreendentemente intensa, onde narra o poder do amor de um pai e a psicose de um desconhecido perante sua filha.
A narrativa têm sua ação após a filha de um professor universitário, Ashley Freeman, ter um envolvimento de uma noite com Michael O'Connell, um tipo de cara que lhe atrai por ser o contrário a todos os seus colegas na faculdade de artes de Boston. Seu pai, Scott Freeman, encontra uma carta amassada no quarto dela, e o tom da carta não o agrada. Indagando a moça, diz que não é nada. Para ela não foi mais que um romance de uma noite, entretanto, O'Connell assegura está apaixonado e passa a enviá flores, e-mails, cartas e telefonemas, além de segui-la pelas ruas.
A principio, a situação não tem muita importância para Ashley, porém o rapaz, pouco a pouco vai isolando-a para ter-la sozinha. Coloca seus amigos contra ela, consegue que a despeçam do trabalho, e Ahsley começa a se dar conta de que O'Connel é um maníaco em potencial e que sua vida corre perigo. Quanto mais a jovem se esforça para se livra daquela perseguição, mais profundamente Michael se infiltra em sua vida. Em desespero, se volta a seus pais divorciados e juntos E seus pais entram no problema da filha.
Katzenbach tece uma história tensa, com personagens bem dimensionados em seus arquétipos, apesar de alguns pontos de vista do personagem central da trama sejam um pouco desordenados, mas consegue como a maioria de seus livros, descrever minuciosamente a psique humana, propondo problemas de complexidade psicológica incrível. O interessante é que ele consegue abordar seus conflitos, em seções de cada capítulos diferentes, o que seus personagens estão a pensar e a agir naquele momento. Para os leitores desavisados, poderão achar estranho ou confuso os momentos que a narrativa está em primeira pessoa e logo depois vai para a terceira pessoa. Mas tudo depende do seu gosto de ler.
O melhor do livro é a tensão, do que o psicopata é capaz de fazer, um sólido e emocionante thriller com um antagonista realmente doentio e maldoso, que fará o leitor ter um certo medo em algumas cenas do livro. Recomendado para quem gosta de sentir o sangue ferver.
O AUTOR John Katzenbach já teve várias de suas obras transformadas em filmes e produções de Holywood. Entre eles, está o mais recente "Hart's War", de 2002, com Bruce Willis e Colin Farrell no elenco e direção de Gregory Hoblit, que narra um conflito racial entre um grupo de prisioneiros da tropa nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. "Justa Causa", de 1995, de direção de Arne Glimcher e Sean Connery no elenco, também teve grande aceitação do público, com a trama policial que leva o professor de Harvard interpretado por Connery a investigar e obter provas a favor da inocência de um jovem negro acusado de estuprar e assassinar brutalmente uma garota. Katzenbach é repórter investigativo dos jornais americanos The Miami Herald e Miami News, e também colunista de destaque da revista Herald's Tropic.