Detalhes de um pôr-do-sol
Acabei de ler hoje o livro de Vladimir Nabokov, Detalhes de um pôr-do-sol, composto por 13 contos escolhidos por ele e escritos originalmente em russo. .Nabokov, considerado um dos melhores escritores de língua inglesa, nasceu na Rússia em 1899, de onde emigrou em 1919, indo estudar em Cambridge. Foi em Berlim, para onde se mudou em 1922, que iniciou a sua carreira literária e são dessa fase de sua vida estes contos. Emigrou em 1940 para os Estados Unidos e foi lá que lançou a sua obra prima, Lolita, em 1955.
Li Lolita e não gostei, tanto que, quando me pediram emprestado, eu dei. Tive em mãos outros livros do autor e nem quis ler.Mas me apaixonei por Fogo Pálido e foi por essa paixão que comprei esse livro de contos.
Levei nove dias para ler todos. Não foi fácil. Não é fácil ler Nabokov. Parece uma carroça atolada no barro. Não é que os contos sejam ruins. Apenas não fluem.Talvez fosse a minha cabeça que estivesse emperrada, mas foi assim que me senti.Apesar de tudo, fiquei fascinada pela capacidade descritiva do autor.
Antes mesmo que eu lesse o livro, a orelha já informava que as histórias estavam ligadas por experiências de perda. Como perda remete a tristeza, conclui antecipadamente que eram contos tristes. E são.
O que mais me encantou no livro foram os aspectos de fantasia, encontrados em alguns contos. Estão presentes no primeiro, que dá título a coletânea, e em alguns outros, como O Temporal e Um homem muito ocupado. Dois deles tem crianças como protagonistas: Um mau dia e Armoles. Este último é muito bonito. Em O Retorne de Tchore, um homem recém casado e viúvo faz a viagem de lua de mel às avessas, ao retornar para casa. O Passageiro faz a gente ter vontade de viajar de trem e viver uma aventura. Um escritor e um crítico conversam e o mote é a frase dita pelo escritor: A vida tem mais talento do que nós (para criar histórias).Logo a seguir vem A Carta que nunca chegou a Rússia, um surpreendente Guia de Berlim, onde o protagonista relatando elementos prosaicos da cidade compreende que está vendo de relance as memórias futuras de alguém.Reencontros frustrados:mãe e filho em A Campainha da Porta e irmãos em O Reencontro. Uma fatia de vida é, na opinião de Nabokov, uma história divertida.E em Natal vemos o renascer de um homem que acaba de perder o filho para a morte.
O autor viveu na Suíça seus últimos anos, escrevendo e cuidando de lepidópteros. Lepidópteros, para quem não sabe , é uma ordem de insetos, da qual fazem parte borboletas, traças em Portugal e mariposas (no Brasil). Fico imaginando que essas traças portuguesas devem ser diferentes porque não sei o que uma traça brasileira pode ter a ver com uma linda borboleta.
Provavelmente está sendo muita ousadia minha dizer que Vladimir Nabokov não é um dos meus autores favoritos. Dizer publicamente, é claro. Mas não é. Repetindo um velho chavão: O que seria do amarelo se todos gostassem do azul?Guardarei este volume porém. Não creio que o editem novamente tão cedo.É preciso lembrar ainda que a tradução é de Jório Dauster e a edição da Companhia das Letras.
Acabei de ler hoje o livro de Vladimir Nabokov, Detalhes de um pôr-do-sol, composto por 13 contos escolhidos por ele e escritos originalmente em russo. .Nabokov, considerado um dos melhores escritores de língua inglesa, nasceu na Rússia em 1899, de onde emigrou em 1919, indo estudar em Cambridge. Foi em Berlim, para onde se mudou em 1922, que iniciou a sua carreira literária e são dessa fase de sua vida estes contos. Emigrou em 1940 para os Estados Unidos e foi lá que lançou a sua obra prima, Lolita, em 1955.
Li Lolita e não gostei, tanto que, quando me pediram emprestado, eu dei. Tive em mãos outros livros do autor e nem quis ler.Mas me apaixonei por Fogo Pálido e foi por essa paixão que comprei esse livro de contos.
Levei nove dias para ler todos. Não foi fácil. Não é fácil ler Nabokov. Parece uma carroça atolada no barro. Não é que os contos sejam ruins. Apenas não fluem.Talvez fosse a minha cabeça que estivesse emperrada, mas foi assim que me senti.Apesar de tudo, fiquei fascinada pela capacidade descritiva do autor.
Antes mesmo que eu lesse o livro, a orelha já informava que as histórias estavam ligadas por experiências de perda. Como perda remete a tristeza, conclui antecipadamente que eram contos tristes. E são.
O que mais me encantou no livro foram os aspectos de fantasia, encontrados em alguns contos. Estão presentes no primeiro, que dá título a coletânea, e em alguns outros, como O Temporal e Um homem muito ocupado. Dois deles tem crianças como protagonistas: Um mau dia e Armoles. Este último é muito bonito. Em O Retorne de Tchore, um homem recém casado e viúvo faz a viagem de lua de mel às avessas, ao retornar para casa. O Passageiro faz a gente ter vontade de viajar de trem e viver uma aventura. Um escritor e um crítico conversam e o mote é a frase dita pelo escritor: A vida tem mais talento do que nós (para criar histórias).Logo a seguir vem A Carta que nunca chegou a Rússia, um surpreendente Guia de Berlim, onde o protagonista relatando elementos prosaicos da cidade compreende que está vendo de relance as memórias futuras de alguém.Reencontros frustrados:mãe e filho em A Campainha da Porta e irmãos em O Reencontro. Uma fatia de vida é, na opinião de Nabokov, uma história divertida.E em Natal vemos o renascer de um homem que acaba de perder o filho para a morte.
O autor viveu na Suíça seus últimos anos, escrevendo e cuidando de lepidópteros. Lepidópteros, para quem não sabe , é uma ordem de insetos, da qual fazem parte borboletas, traças em Portugal e mariposas (no Brasil). Fico imaginando que essas traças portuguesas devem ser diferentes porque não sei o que uma traça brasileira pode ter a ver com uma linda borboleta.
Provavelmente está sendo muita ousadia minha dizer que Vladimir Nabokov não é um dos meus autores favoritos. Dizer publicamente, é claro. Mas não é. Repetindo um velho chavão: O que seria do amarelo se todos gostassem do azul?Guardarei este volume porém. Não creio que o editem novamente tão cedo.É preciso lembrar ainda que a tradução é de Jório Dauster e a edição da Companhia das Letras.