Escrava ou Rainha?

 

ESCRAVA OU RAINHA?

Miguel Carqueija

 

 

Resenha do romance “Escrava... ou rainha?”, de M.Delly. Companhia Editora Nacional, São Paulo-SP, Biblioteca das Moças nº 26, 1947. Título original: “Esclave... ou reina?”

M.Delly é o pseudônimo de dois irmãos franceses, Fréderic Henri Petitjean de la Rosiére (1870-1949) e Jeanne Maria Henriette Petitjean de la Rosiére (1875-1947) e seus romances para moças tornaram-se extremamente populares durante muito tempo. Este aqui foi lançado em 1910.

A história gira em torno de Lisa, uma garota muito inocente e pura, que de repente é obrigada pela tutora a casar com um príncipe russo, Sergio Ormanoff, parente afastado, homem orgulhoso, arrogante e machista, que se dispõe a tratar muito bem a jovem esposa, desde que ela obedeça incondicionalmente a sua vontade.

Ele quer, inclusive, que Lisa deixe a religião católica e siga a ortodoxa russa, que ele seguia por tradição de família, sem ser ele próprio um crente.

Como pano de fundo, intrigas familiares e segredos escabrosos.

Lisa resiste passivamente, recusando-se a abandonar a sua fé católica.

Como o título sugere, o caráter totalitário do príncipe pouco a pouco irá mudar, tocado pela bondade e pela pureza da jovem, que vence a “guerra” pela fé e pelo amor. Mas antes ela sofreu muito, chega a ficar doente por falta de vontade de viver. Veja-se o diagnóstico do Dr. Vaguédine:

“A princesa está extremamente debilitada por estrema anemia; seu estado é grave, mas ainda suscetível de cura. Os nervos requerem-lhe também algum cuidado. Tem necessidade, além de uma nutrição bem fortificante, de ar, muito ar, passeios e distrações, mas sem cansaço.”

O romance segue o padrão habitual desse gênero, com o mal fragorosamente derrotado e a virtude triunfando de tudo. Hoje em dia isso pode parecer coisa ultrapassada e excessivamente ingênua, mas, a meu ver, é preferível ao cinismo de tantos romances atuais.

 

Rio de Janeiro, 19 de maio de 2024.

 

 

 

P.s. desculpem o estado do exemplar como se pode ver na fotografia. Já veio para minhas mãos bem gasto, foi adquirido em sebo.