Harold Bloom

Morre o grande Harold Bloom em 14 de Outubro de 2019, que deu vida, como Borges, à crítica literária, uma forma de literatura.

 

Ao ler o Cânone Ocidental na Década de 90, que me fora indicado por um professor de São Carlos, descortinou-se um novo caminho dentro da literatura, imorredoura, divina, criação humana capaz de nos transformar em atores e espectadores da tragédia humana.

 

Minha gratidão ao professor de literatura, que me fez passar tantos dias felizes imerso nela.

 

Abaixo, pequena homenagem.

 

Borges e o Ofício do Verso

Relendo “Este oficio do Verso” de Jorge Luis Borges – coletânea de conferências pronunciadas em Harvard na década de sessenta, cujas gravações foram recentemente descobertas nos arquivos daquela Universidade –, deparamo-nos com verdadeiras aulas de profundo conteúdo literário e filosófico, confirmando a genialidade do argentino, cuja obra tem sido inesgotável fonte de estudo e pesquisa em todo o mundo. Comecei a interessar-me pelo autor em 94 ao ler “O Cânone Ocidental” de Harold Bloom. Fui também ampliando meus contatos com as obras de Emerson, Emily Dickinson e Walt Whitman, irmãos literários do ilustre argentino, sempre avesso aos melodramas e romances espichados. Seus contos, poemas e ensaios são uma literatura sobre a literatura. Para ele, a poesia era uma paixão e um prazer. “O fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia”, escreveu certa vez. E as bibliotecas eram como mágicas cavernas cheias de mortos, os quais poderiam ser ressuscitados, quando as páginas daqueles livros fossem abertas; ele reafirmava o antigo bordão de que “a arte é longa e a vida é breve”. E essa arte não seria elitista ou refinada, mas a do homem comum, da rua, democrática, cuja matéria prima é a palavra, “o dialeto da vida”.

 

 

Nagib Anderaos Neto

15/10/2019