O mundo sem nós
Imagine a situação se de repente, nós, seres humanos, desaparecermos. Nossa ausência será sentida? O que aconteceria com o planeta? A natureza encontraria o rumo para séculos de degradação e abusos? Quantos anos demoraria para a Terra recuperar seu equilíbrio? O que sobreviveria de nossa civilização? O norte-americano Alan Weisman, um premiado jornalista, especialista em ciência, traz em seu O mundo sem nós (Editora Planeta do Brasil, 384 páginas, R$ 44,90) uma abordagem ampla e bem original, amparada junto a especialistas diversos – zoólogos, biólogos marinhos, engenheiros, curadores de arte, astrofísicos, paleontólogos e até líderes religiosos – numa pesquisa que lhe rendeu três anos de viagens pelo mundo para construir este livro de um impacto incomum, o nosso desaparecimento.
Weisman escreve para diversos veículos, e principalmente sobre meio-ambiente teve a idéia do livro a partir do seu ensaio “Earth without people”, publicado na Discover magazine, reunindo material de muitas das piores catástrofes ambientas dos últimos anos, que testemunhou como jornalista.
Fugindo da linguagem catástofe, daqueles de estilo sensacionalista, o autor ousa nos passar um novo olhar para as perguntas acima relatadas. A natureza logo iria tomar lugar, invadindo em poucos dias as grandes metrópoles do mundo: em poucos dias, a água inundaria os subterrâneos e o metrô de cidades como Nova Iorque, Paris, Tóquio e São Paulo, devido à interrupção dos sistemas hidráulicos; em alguns anos, o fogo se espalharia nestas cidades e as principais avenidas se tornariam rios e riachos, em pouco mais de dois séculos, os animais migram para os locais e a natureza ganharia terreno mais rápido do que poderia imaginar.
Centrando muitas de sua perspectiva na cidade de Nova Iorque, analiza, ano após ano, século após século, milênio após milênio, inclusive períodos de milhões de anos, as consequências do sumiço imediato ddo humanos. Mas o que poderia causar tamanho acontecimento? Poderíamos ser atacados por um vírus ou por uma hecatombe, segundo o autor, mas não se esmiúça no assunto.
Numa narrativa sem muito cientificismo, Weisman explica como nossa massiça infra-estrutura entraria em colapso e por fim desapareceria sem a presença humana. Dentro de alguns milhares de anos, a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, O Cristo Redentor e diversas estátuas de bronze se esfarelam, assim como o Túnel do canal da Mancha e os rostos dos presidentes dos Estados Unidos esculpidas em Rushmore, até mesmo a muralha da China e o canal do Panamá - “uma ferida que a natureza tenta curar, segundo declara o autor. Contudo o rastro envenenado que o ser humano deixou, como o CO², que tardaria cem mil anos para desaparecer ou os reatores das 441 centrais que existem no mundo se sobrecarregariam e acabariam se incendiando e se fundindo. A radiotividade duraria milênios.
O livro nos oferece uma valiosa ferramenta de reflesão sobre o importante papel que nós temos em relação à Natureza, e que devemos fazer algo para deixar um digno legado de nosso vida na Terra. Contudo O mundo sem nós foi duramente criticado pelos ecologistas e por alguns jornais, como no The Wall Street Journal, que escreveu em editorial: “Agora que foi decidido que quase qualquer aspecto da existência humana é maléfico para o meio ambiente – dirigir, comer carne, acender a luz, ter filhos, respirar... - os verdes agora chegaram ao limite, O problema é a existência humana”.
Um livro ensaio, que menos de uma semana após o seu lançamento nos EUA entrou para a lista dos mais vendidos do New York Times, e é um dos livros mais discutidos por lá, principalmente pela proliferação dos cenários de apocalipse ecológico, como por exemplo a campanha do ex-vicepresidente Al Gore sobre a mudança climática. O livro é um sucesso, e já teve os direitos para documentário comprados pela produtora francesa Morgane. A direção do filme ficará a cargo de Edgar Tennenbaum, de A marcha para os pinguins, e a estréia está prevista para 2008.
Uma conclusão, após a leitura do livro, os humanos se extinguirão como todas as espécies, não há razão para pensar diferente, é natural, contudo deixaremos marcas irreversíveis e que atualmente estamos acelerando o processo.