3 poemas do livro TECIDO NA PAPELARIA
Texto originalmente destinado a Maria Isabel Geraldo - ALGUNS COMENTÁRIOS SPOILERS DESEJANDO BOA LEITURA
Minha querida leitora amiga, seu exemplar do TECIDO NA PAPELARIA está a caminho de Floreal... Eu conheço bem a estrada que o livro percorrerá: depois de Barretos as serras que guardam Franca ficam para trás e o percurso se abre em larga planície pontuada de nomes que ainda moram em mim - Rio Preto, Sebastianópolis, Roseiral, Parisi, Cardoso, Valentim Gentil, Fernandópolis, Mira Estrela, Santa Fé – Morei em Votuporanga 8 anos e guardo as brisas suaves como poema-relicário que revisito como se fosse leitura saborosa da última página de 100 anos de solidão.
No meu livro você encontrará 3 poemas que versam sobre minha cidade natal, são eles:
TOMARA FRANCA MACONDO SEJA pg. 58 – trata-se de um poema de inspiração árcade que repudia as coisas inúteis valorizando o contato com a natureza; embora o tema almeje retratar-se como símbolo de felicidade o eu-lírico só encontra harmonia num possível apocalipse anunciado.
CASTELO SITIADO pg. 110 – são muitos os cercos, nenhuma saída à vista. No poema estão sitiados a pátria mais armada que amada, a cidade do poeta e o poeta das cidades – só a língua nos pontuando traz livramento. É o poema “dos nomes próprios”, as referências a autores, obras, personagens e suas cidades sitiadas reforçam o isolamento e a invisibilidade de onde só a Língua pode nos resgatar.
MONUMENTO pg 74 – nesse poema a voz de um noviço celibata dialoga com um Bilac onipresente, isolado por vontade própria e em busca da solidão hesicasta, o moço “brinda sua fé com água benta quando a ÚLTIMA FLOR DÁ mais um LAÇO de corpo translúcido desdobrando-se no inesperado”. É um poema de amor, sim! E, ao contrário dos 2 primeiros (a ordem no livro segue o número das páginas), o jogo das palavras aproxima os milênios que separam Homero da minha aldeia. Aqui Franca não está sitiada apesar de encravada entre colinas - minha amada desliza para minha cama, líquida como os 3 córregos que a desenharam desde muito antes.
Isabel, espero que você teça belos vestidos com os poemas do livro e que sua alma esteja sempre pronta bailar lindamente dentro e fora da 'papelaria'.
Um grande abraço do seu amigo Baltazar Gonçalves
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Meu livro continua À venda no site da Editora Penalux - com Tonho França e Wilson Gorj. Tenho alguns exemplares comigo, quem se interessar pode chamar in box ou no whatsapp (16) 99378-1849