SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Roupa Nova do Rei, In: As Barbas do imperador: Dom Pedro II, um monarca nos trópicos.

Buscando sintetizar aspectos sobre a realeza, a autora nos trás simbologias, a maneira como consistia e se constituía as relações de poder. Demonstrando em seu dialogo textual, os rituais que haviam por detrás da figura do rei, regras, modos, que eram etiquetas que mascaravam o verdadeiro objetivo de segui-las, vislumbrar os seus seguidores, levando em consideração o fato de que todo esse marketing também era pertinente a fim de haver aprovação do sistema. Sendo elevado os sentidos e significados atribuídos a esta figura real, adorado e venerado, milagroso. Conceito esse que está atrelado a Idade Média

Com a chegada da família real ao Brasil, finca também os pés no território, a necessidade de trazer outros significados sobre os rituais já existentes, tendo em vista que agora deveria ser empregado costumes de acordo com o novo ambiente, trazendo consigo a união da nação Brasileira, como por exemplo, as vestimentas do rei, ordinários símbolos também, como cita também o texto sobre a celebração da coroação do pioneiro imperador do Brasil, D. Pedro, na qual havia uma representação teatral, o que tornou este acontecimento, um símbolo representativo sobre a fundação de um novo e Diferente Estado.

Sendo coroado, D. Pedro I, outros acontecimentos marcaram a data 12 de Outubro de 1822 e os dia precedentes, pois havia medo e um sentimento de angústia tomou as massas do Brasil, visando a ascendência de Pedro, vindo de Portugal, seu berço... Poderia haver um retrocesso por causa disso, a expectativa era de que o Brasil, tornar-se novamente a ser dependente, outra vez uma colônia.

Porem, para o alívio dos habitantes do Brasil, no ano de 1825, um tratado é assinado, de Portugal a reconhecer que o Brasil era independente, e claro, não sendo isento de obter trunfos financeiros.

Havia também o teatro da política, que segundo o texto, se impunha e se confundia com a realidade, era algo que corroborava para o estabelecimento de uma memória social, “o rei sendo observado, vestido de traje militar, onde lhe era atribuído uma atmosfera simbólica, como brasões, condecorações, ou até mesmo algo que simbolizasse a terra, como o cacau e o tabaco. O rei jamais encarava os olhos de quem o fitasse."

Esta era a imagem que deveria ser cristalizada sobre o jovem, porém transmutado para aparentar ser de mais idade. Seu corpo sequer produzia hormônios de fase adulta, mas quando se retratava em pintura, em figura, eram pintadas, barbas. Este fato já nos trás a ideia de que era interessante que a imagem passada sobre o novo império, fosse caracterizado com uma face séria, ante o cenário internacional. Os símbolos sempre cercavam, tanto que quando fora aclamado, deveriam compor a coroação, além da coroa, os presentes do grande espetáculo, como o cetro, o manto, o cetro de ouro, e a espada, isso acentuava o objetivo de tornar vital a força imperial. Um belo manto de cor verde, coberto de estrelas de ouro, esferas e dragões, com uma cobertura de cetim na cor amarela, que remetia propositalmente as cores emblemáticas das moradas de Habsburgo e Bragança.

Predominava a necessidade de criar novos significados que podesse sempre representar o Brasil, deveria ter a imagem de um forte e unificador imperador. E a família real, com toda a elite tiveram que criar e sustentar essa imagem, tanto com o Pedro I, como também com seu sucessor, o Pedro II.

(SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Roupa Nova do Rei, nasce um império nos trópicos, o órfão da nação: o céu sabe o que faz e o pequeno grande rei. In.: As Barbas do imperador: Dom Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das letras, 1998. p. 25-90)