Harry Potter e a Pedra Filosofal

Joanne Rowling é uma escritora inglesa de ficção que utiliza o pseudônimo J. K. Rowling (assumido para evitar preconceito com obras escritas por mulheres). É também hoje uma das escritoras de maior sucesso no mundo. Sua obra já foi traduzida para vários idiomas, inclusive para o português, e se tornou um fenômeno de leitura, não só pela quantidade de leitores fiéis, mas porque a história de seu menino bruxo tem conquistado os mais variados públicos, de diversas idades e classes sociais – basta observar a extensão das filas de cinema nas estreias de filmes e outros produtos baseados em seus livros.

Em 1997 J.K. teve seu primeiro livro, de uma série composta por sete volumes, publicado pela editora Bloomsbury Publishing Plc. A série foi batizada com o nome de seu personagem principal, Harry Potter, e o primeiro volume foi intitulado “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Essa publicação ocorreu somente após inúmeras tentativas da escritora e num período em que ela se encontrava desempregada; sua aceitação só se deu após o primeiro capítulo ter sido lido pelo filho do editor, pois o menino, tão logo o terminou, pediu ao pai o segundo.

Esse primeiro livro é composto por 256 páginas e se divide em dezessete capítulos, todos com títulos próprios que aludem ao fato a ser narrado. Nele não só a personagem principal, mas o próprio leitor, encontram a porta de entrada para o universo mágico no qual se passam as aventuras.

No primeiro capítulo ocorre um prelúdio da vida do garoto, o qual somente é esclarecido ao longo do livro. Os capítulos iniciais apresentam Harry Potter, um garoto comum, magro e pequeno, sem nenhum atributo especial. Órfão de pai e mãe, é criado pelos tios (os Dursley) em convívio com o filho deles (Duda), família caracterizada como rigorosa e moralista. No entanto, mantinham um segredo que, de modo algum, poderia ser revelado. Ainda sem explicar o porquê, a narrativa informa que Harry era maltratado pelos parentes.

Nos capítulos seguintes, fatos sem explicação começam a ocorrer em volta do garoto, o qual, ao notá-los começa a rememorar outros tantos episódios de mesma natureza: como o fato de que os cabelos cortados tornavam a crescer magicamente e, no dia seguinte, já estavam do mesmo tamanho de antes. Adiante, quando o garoto completa treze anos, um gigante vem buscá-lo e revela ao garoto seu passado.

Harry era na verdade um bruxo e os pais, que acreditava terem morrido em um acidente de carro, na verdade haviam sido assassinados por um “bruxo das trevas” por se oporem a ele. Também nesse momento o garoto recebe uma carta da escola de magia de Hogwarts, convidando-o para ser aluno do colégio.

Assim, a aventura fantástica tem seu início. Em Hogwarts, o garoto descobre ser muito famoso por ter sobrevivido ao ataque daquele que será o antagonista e inicia seus estudos em magia, ainda sem compreender aquele mundo diferente. Conhece seus dois melhores amigos, Rony (filho de bruxos) e Hermione (filha de trouxas – pessoas não mágicas –, mas que possuía o talento da magia) e aprende aos poucos sobre o mundo mágico. O trio descobre um segredo: na escola era mantida a pedra filosofal, tão sonhada pelos alquimistas, mas cobiçada pelo vilão (Valdemort) que toda a sociedade mágica acreditava estar morto. Sabendo do segredo e da cobiça do Lorde das Trevas, os garotos vão à procura da pedra filosofal e saem vitoriosos do confronto, evitando o retorno definitivo daquele cujo nome não pode ser pronunciado.

Após a aventura, o ano letivo acaba e os garotos tem de regressar a suas casas, o que significa o retorno de Harry à casa dos tios no mundo “real”, perdendo novamente o contato com o mundo maravilhoso ao qual verdadeiramente pertencia.

A obra apresentada parece afeita ao conceito de contos de fada apresentado pelo psicanalista Bruno Betelhein no livro “A Psicanálise dos contos de fadas” e, dessa maneira, é possível compreender o fenômeno de leitura que suscitou. Fenômeno porque levou crianças e jovens (além de outros públicos) que pouco liam livros a lerem as obras com bastante voracidade.

A narrativa emocionante que compõe o livro e a capacidade descritiva da autora, junto ao trabalho bem-sucedido com a (re)elaboração de mitos e lendas (muitas inspiradas em Tolkien) possibilitou a construção de uma mitologia bastante sólida e rica, compondo um cenário de iguais valores, o que permite ao leitor compreender e se projetar no mundo fantástico e em suas personagens.

Como o público a que se destina o livro (infantil) vive constantes conflitos, desejando, por vezes, soluções mágicas, e possui uma força imaginativa bastante forte, Harry Potter serve como subsídio para que trabalhe muito bem as emoções, tendo em vista ser possível a identificação com os conflitos contidos no livro e com a identidade de suas variadas personagens. O leitor experiencia, através da projeção, situações que se assemelham às angústias vividas no inconsciente, além de desenvolver sua criatividade.

O retorno à realidade, após a vivência das aventuras, ocorre tanto no livro quanto na imaginação, o que permite ao leitor compreender a distinção entre fantasia e realidade e, dessa forma, transmite ao consciente a experiência inconsciente/imaginativa e as lições aprendidas com ela. As personagens resolvem os conflitos não só por meios mágicos, mas fundamentados na razão, na astúcia, na inteligência, na curiosidade e na criatividade.

A leitura de Harry Potter e a Pedra Filosofal poderá, para aqueles que possuam uma imaginação aguçada e bastante criatividade, representar uma viagem espetacular e enriquecedora.

Arkangellus
Enviado por Arkangellus em 11/10/2017
Reeditado em 18/05/2020
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