Análise da obra Vidas Secas, Graciliano Ramos
Temática: Seca Linguística
A obra de Graciliano denuncia, sobretudo, a manipulação das personagens pelo sistema, visto que estas personagens são desprovidas de qualquer senso crítico, por mínimo que seja. O narrador, por sua vez, tem o domínio linguístico necessário para passar ao leitor todas informações que ele precisa para entender o romance de Graciliano.
A narrativa em 3ª pessoa, dá ao narrador poder para manipular os acontecimentos de modo que o leitor só saberá aquilo que o narrador quiser que ele saiba, levando em consideração que o narrador põe o leitor a perceber além do que está escrito e mergulhar na subjetividade de cada personagem.
Quando fala-se em subjetividade, é respeitável citar a única personagem provida de linguagem, além do narrador, Baleia. Esta que apesar de ser, para as personagens, um bicho somente, tem em si a capacidade de sonhar com algo e abstrair o mundo como fica claro no parágrafo a seguir:
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Neste momento citado, Baleia está morrendo e ainda assim se põe a sonhar com futuros diferentes de seu estado atual, algo que só os seres providos de linguagem conseguem ter, vista a capacidade de estabelecer pensamentos coesos de desejos e sentimentos, conseguindo, assim, passá-los adiante de modo a se entender o que é proposto.