BHAGAVAD GÎTÂ, de Krishna

Todo conhecimento sagrado é universal. Por aqui conhecemos - ao menos de nome - a Bíblia, o Alcorão, a Torá. Mas você já ouviu falar do Mahâbhârata? Trata-se do grande livro sagrado do hinduísmo, escrito a pelo menos 5.000 anos atrás. O Bhagavad Gîtâ (com 700 versos) é apenas um capítulo do Mahâbhârata (com 250.000 versos). A história deste é enorme e não convém a ninguém considerado normal resumi-la em uma breve resenha. Já o livro-capítulo em questão traz a conversa entre o príncipe Arjuna e seu mestre Krishna (ou Críxena) quando estes encontram-se bem no meio de dois exércitos prestes a iniciarem uma batalha sangrenta. Cabe a Arjuna iniciar a guerra, mas este se desanima ao perceber que em meio ao exército inimigo estão seus parentes e amigos. O que fazer?

Longe de ser um livro que incentiva uma guerra fraticida, seu significado simbólico é bastante profundo. Trata dos conflitos pelos quais todo ser humano batalha em seu íntimo, o bem versus o mal. Somos tão apegados aos nossos desejos egoístas, falhas e imperfeições, que consideramos esses como parentes e amigos queridos quando nos vemos frente à luta constante para melhorarmos como pessoas.

As comparações com a Bíblia são inevitáveis: várias passagens ensinam exatamente a mesma coisa. Ambos livros sagrados possuem passagens simbólicas a respeito de uma nação antiga. E ambos possuem várias traduções para o português, das quais nem todas são imparciais. A famosa música Gita, de Raul Seixas, foi baseada nesse livro.

O título do livro em sânscrito significa "A mensagem do mestre" ou "A sublime canção" ou "O canto do senhor". A tradução de Francisco Valdomiro Lorenz é fraca e a edição da Editora Pensamento é cheia de falhas de impressão. Como pretendo ler o Bhagavad Gîtâ novamente, vou adquirir outra tradução, talvez a de bolso da Martin Claret. Seja pelo seu teor religioso, filosófico ou místico, vale a pena ler para conhecer e comparar com aquilo que você já conhece.