O Sol é testemunha
Nos moldes de uma novela, uma história sobre a importância de ter sonhos e lutar pela sua concretização.
Em O sol é testemunha (Saraiva,117pp,R$22,40) da paulista Giselda Laporta Nicolelis (1938) mostra a face da favela aos olhos de um adolescente, o drama de sua família ante a violência do tráfico de drogas e a luta pela vida e pela sobrevivência em um morro carioca.
A história se passa em um daqueles morros do Rio de Janeiro, e é lá que nossa narrativa se inicia.
Beto é um adolescente, bem diferente da maioria que mora na favela, um jovem lutador e responsável, louco de vontade de terminar os estudos e arrumar um trabalho para ajudar sua mãe, uma senhora batalhadora, que trabalha como faxineira na Zona Sul, viúva – perdera o marido, assassinado por um traficante – e muito preocupada com o caçula, pois seus outros três filhos entraram para o tráfico. Ela sempre fala que queria dinheiro honesto entrando em casa e acabou formando uma índole impenetrável na personalidade do rapaz. Muitos outros garotos, que cresceram com ele na favela se tornaram marginais, e o chamam de “Zé Mane”.
A convivência com o tráfico e a pobreza não leva o rapaz para a marginalidade, mas o fortalece. Não se ver adaptado a “carreira” dos irmãos, pois sabe que a vida e a morte vivem de lado a lado para quem segue aquele caminho. E o único desafio que almeja ainda, é descobrir que matou o seu pai, que morreu como um delator.
Com um texto bem atual, a autora preocupa-se em informar o leitor as mazelas do morro, o cotidiano do tráfico, a marginalidade e o risco para quem se envolve com as drogas. E através do drama de Beto, divulga o triste resultado que acontece tanto para as famílias normais dos morros como para aquelas marginalizadas.
Com ilustrações de Paulo Borges, no melhor estilo quadrinhos, mostra um lado humano de uma favela, e que mesmo ante as regalias do tráfico, a facilidade de dinheiro há pessoas que lutam e vivem com honestidade.
O livro é uma verdadeira obra que ensina valores humanos tão menosprezados nos dias de hoje.