PRÓLOGO — "Mensagens Para Você"

                      Este livro, primeiro de uma série de quatro, surgiu quando eu trabalhava como advogado utilizando o fundo de uma loja como escritório. De manhã, quando passava perto do caixa para chegar à minha sala, via uma ficha de controle de venda sobre o balcão. Com o tempo notei que havia um espaço em branco no cabeçalho. Um dia parei e coloquei um “bom dia a todos”. Uma semana depois acrescentei além do bom dia o feliz aniversário de uma balconista. A partir daí comecei a escrever algumas frases, mas era como se o espaço continuasse em branco: olhavam, às vezes, murmuravam, mas não faziam comentários explícitos. Numa noite fui dormir pensando num texto que pudesse vir durante um sonho. Ele teria que aliviar os corações aflitos e consolar os desiludidos. Não me lembro de haver sonhado, mas na manhã seguinte, quando coloquei a caneta sobre o espaço em branco da ficha de controle, as palavras surgiram como se estivessem sendo sopradas. Elas não faziam parte do meu modo de dizer as coisas, mas não poderiam ser mudadas, tinham de ser escritas conforme chegavam —, uma espécie de “cola” vinda nas asas de um pássaro especial. Naquele mesmo dia houve um alvoroço: as balconistas e os clientes passaram a copiar o pequeno texto. Então concluí que, por mecanismos alheios à minha vontade, a mensagem tinha sido construída durante o sono. A partir disso, as frases tornaram-se rotineiras na folha de controle de venda. Numa manhã, um apresentador da Rádio local estava na loja como cliente e, por acaso, viu o escrito na folha e pediu para ler o texto no seu programa. O fato é que as mensagens foram veiculadas para várias cidades encravadas nas montanhas do Sul de Minas de 2005 a 2010 através da Rádio Transmineral, FM 92,7. Em razão de os textos serem eleitos por muitas pessoas, através de cartas e telefonemas como algo que lhes fazia bem — palavras apropriadas para suas emoções pessoais —, resolvi publicá-los. Deixo esclarecido, porém, que até hoje fiquei sem saber ao certo como essas palavras eram captadas durante o sono para, na manhã seguinte, saírem organizadas e prontas para serem lançadas no cabeçalho da folha de controle... Tinha sempre a impressão de que um pássaro se movia nos meus ombros quando começava a escrever.


Jorge Lemos é autor do livro São Tomé das Letras e o Pacifista — romance místico ocorrido na cidade de São Thomé das Letras/MG
@lemos1122
Silva Lemos
Enviado por Silva Lemos em 19/09/2012
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T3889773
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