El Amor en los Tiempos del Cólera - Comentário Emocional

Há muito tempo, adquiri o hábito de, concluída a leitura de um livro, registrar as sensações de um chofre, ou seja: quase sem pensar, o que chamo de ‘comentário emocional’. Pois bem, como uma forma a mais de incentivo à leitura, se é que preciso dizer algo mais a respeito disto, compartilho aqui um desses comentários, escrito após a leitura de ‘El Amor en los Tiempos del Cólera’, fascinante livro de García Márquez. Aqui revelo muito sobre a trama. Se ainda não leu este livro, leia-o primeiro e, depois de registrar suas próprias impressões, compare-as às minhas. Um abraço fraterno.

* * *

Acabei de ler o livro e registro o que ficou marcado. “Alguien apagó la luna”; o conteúdo da carta deixada por Jeremiah de Saint-Amour; por que García Márquez começa a narração com a morte do negro? Por que o paralelo da morte deste (antes da carta, um amigo) com a do Dr. Urbino? O porquê de América Vicuña encontrar as últimas cartas trocadas por Fermina y Florentino Ariza, além de um motivo para o suicídio (óbvio); o paralelo entre os nomes destes dois personagens, a estrutura da narração, comentários pessoais do narrador: como indicar o nome da cidade em que nasceu Mercedes ou a descrição do quarto em que um tal de Arturo (se não me engano) viria a nascer; Das perspectivas de narração: ora Florentino, ora Fermina, ora o Dr. Urbino; Também a revelação dos escândalos no final: as tramóias do pai de Fermina, o caso do Dr. Urbino com a amiga de Fermina. Teriam esses escândalos algo a ver com a carta de Jeremiah de Saint Amour? De onde vieram as denúncias, e as provas? Como aquela antiga fotografia de Fermina foi parar nas mãos de Ariza? E a insinuação da infidelidade de Fermina? O romance, claro, muito bem estruturado. A força das citações, as falas dos personagens, o brilhante e inesperado final, que de algum modo, embora fantástico, não destoa da realidade: “Por toda a vida”. São tantos símbolos, tantas coisas que chamam a atenção! Sim, o vocabulário é por vezes difícil, estranho para quem não conhece o colorido da linguagem de García Márquez. Alguns bichos que ele descreve, só pelo nome, não tenho como saber, sem pesquisar. Porém, em nada impedem o prazer da leitura, em nada impedem o leitor de escapar das armadilhas do autor, colocadas ali exatamente para entreter, distrair, encantar e, como não podia faltar: surpreender, elevar a uma dimensão entre o sonho e a realidade, de tão solta entre as duas que se torna difícil não acreditar que tal história poderia, de fato, se passar. Adorei a leitura deste livro. Vou relê-lo!

Assisti também a algumas partes do filme (com Fernanda Montenegro no papel da Tránsito) e li um resumo de partes do livro. Um dos comentaristas chamou a atenção para a imagem de Fermina, pois o leitor, boa parte da história, a vê só pelos olhos de Ariza. Uma visão, que, pelos delírios do amor, semelhantes ao do cólera, bem pode iludir, sendo algo totalmente diferente do que ele vê, em realidade. Fico por aqui com esse comentário emocionado. De fato, estou cansada. Esta em que me encontro agora, meio-deitada, não é nem de longe uma boa posição para escrever. Estou em estado de graça!”

* * *

----------------------------------------------------------------------------

Se deseja reproduzir este texto, no todo ou em parte, favor respeitar a licença de uso e os direitos autorais. Muito obrigada.