Padre Cícero
Cícero Romão Batista nasceu no Crato em 24 de março de 1844 e faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934.
É conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, Padim Ciço, apelido que lhe deram os sertanejos nordestinos.
Iniciou a carreira eclesiástica em 1865, no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado padre em 1870.
Em 1872 foi nomeado vigário geral da paróquia de Juazeiro do Norte, no Ceará, que era então um pequeno povoado na região do semiárido nordestino, habitado por uma população extremamente carente. Não havia qualquer serviço público na cidade. Sequer uma igreja em condições de receber os fiéis. Padre Cícero pôs mãos à obra, angariou fundos, construiu uma igreja e começou a desenvolver um intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares, a par de ações sociais destinadas a melhorar a condição de vida da população local.
Padre Cícero tinha uma personalidade mística e era profundamente carismático. Os fiéis o tinham como verdadeiro santo. Dizem que realizava milagres. Em 1889, durante a realização de uma comunhão, a hóstia por ele consagrada sangrou na boca de uma mulher chamada Maria de Araújo. Apesar de ela ser considerada uma beata, dada a alucinações e outras crises semelhantes, o povo considerou o fato um milagre. Nunca se provou se o sangue vertido da boca da beata ocorreu por causas naturais, fruto de um sangramento natural, causado por um ferimento ou infecção, ou por milagre, mas o fato é que as toalhas utilizadas para limpá-lo logo se tornaram objetos de adoração pelos sertanejos. Com a divulgação da notícia milagrosa, a pequena vila de Juazeiro do Norte começou a ser visitada por milhares de peregrinos, que vinham em busca de curas para os seus males e bênçãos para os seus negócios.
A Igreja não homologou os milagres do padre Cícero. Ele foi inclusive acusado de mistificação e heresia. Em razão disso, após uma investigação realizada a mando do Vaticano, em 1894 ele foi suspenso de suas funções eclesiásticas, sendo inclusive proibido de rezar missas. Em 1898 o Papa Leão XIII lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas. Mas apesar da proibição o Padre Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro, pois os fiéis assim o exigiam e jamais deixaram que outro padre viesse ocupar o seu lugar.
Proibido de exercer suas funções sacerdotais Padre Cícero resolver entrar para a vida política. Em 1911, com a elevação de Juazeiro para a categoria de município, elegeu-se Prefeito e ocupou o cargo por quinze anos. Era uma época de muito conflito de terras no sertão nordestino. Cangaceiros e coronéis (fazendeiros oligarcas) eram as forças que disputavam o poder na região. Os ânimos se acirraram tanto que Padre Cícero teve que enfrentar uma luta armada contra alguns coronéis que achavam que ele fazia discursos politicos sediciosos em suas missas. Esse conflito obrigou o Governo Federal a ensaiar uma intervenção na região, a qual não se concretizou em virtude de um levante popular por ele liderado, o qual contou, segundo dizem, com a ajuda do bando do próprio Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampeão.
O fato é que Padre Cícero convenceu a população de Juazeiro a pegar em armas para enfrentar as tropas federais. A cidade se tornou uma praça forte, com centenas de sertanejos fiéis e cancaceiros, armados para defendê-la. Na iminência de um conflito de grandes proporções, o Governo Federal e os coronéis optaram por um acordo político. Assim, o Padim Ciço continuou no seu cargo e algumas concessões aos políticos da região foram feiras por ele.
A paz voltou ao sertão e o Padre Cícero chegou a ser nomeado vice-governador do Ceará. Depois foi eleito Deputado Federal, mas jamais exerceu nenhum desses cargos por que sempre se recusou a deixar a sua amada Juazeiro do Norte e seu povo. Seu poder e influência política, porém perduraram até sua morte, aos 90 anos de idade. Era um poder fundado mais no amor que a população pobre e desassistida tinha por ele do que pelos cargos políticos que ocupou.
Sua fama de santo não desapareceu com sua morte. Amplamente divulgado pela literatura de cordel, tornou-se uma lenda no sertão nordestino. Milhares e milhares de romeiros continuaram a ir até Juazeiro do Norte em busca dos seus milagres. Essas peregrinações continuam até hoje e a cada ano é maior o número de pessoas que visitam o Santuário dedicado ao Padim Çiço. A igreja e os locais onde ele viveu se tornaram centros de adoração. Juazeiro cresceu e se tornou uma cidade de forte apelo turístico com a mitificação do Padre Cícero.
Os sertanejos que buscam a sua graça nunca ficam decepcionados. São milhares as testemunhas que afirmam os poderes de Padre Cícero. Sendo ou não um santo legitimado, já que essa condição não é reconhecida pela Igreja, a verdade é que o Padre Cícero Romão Batista conquistou o seu lugar no panteão dos espíritos iluminados que souberam exercer os poderes e as habilidades de verdadeiro Curador. Por isso ele também merece figurar com destaque entre os arquétipos do Curador.
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DO NOSSO LIVRO QUATRO VIAS- NO PRELO
Cícero Romão Batista nasceu no Crato em 24 de março de 1844 e faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934.
É conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, Padim Ciço, apelido que lhe deram os sertanejos nordestinos.
Iniciou a carreira eclesiástica em 1865, no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado padre em 1870.
Em 1872 foi nomeado vigário geral da paróquia de Juazeiro do Norte, no Ceará, que era então um pequeno povoado na região do semiárido nordestino, habitado por uma população extremamente carente. Não havia qualquer serviço público na cidade. Sequer uma igreja em condições de receber os fiéis. Padre Cícero pôs mãos à obra, angariou fundos, construiu uma igreja e começou a desenvolver um intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares, a par de ações sociais destinadas a melhorar a condição de vida da população local.
Padre Cícero tinha uma personalidade mística e era profundamente carismático. Os fiéis o tinham como verdadeiro santo. Dizem que realizava milagres. Em 1889, durante a realização de uma comunhão, a hóstia por ele consagrada sangrou na boca de uma mulher chamada Maria de Araújo. Apesar de ela ser considerada uma beata, dada a alucinações e outras crises semelhantes, o povo considerou o fato um milagre. Nunca se provou se o sangue vertido da boca da beata ocorreu por causas naturais, fruto de um sangramento natural, causado por um ferimento ou infecção, ou por milagre, mas o fato é que as toalhas utilizadas para limpá-lo logo se tornaram objetos de adoração pelos sertanejos. Com a divulgação da notícia milagrosa, a pequena vila de Juazeiro do Norte começou a ser visitada por milhares de peregrinos, que vinham em busca de curas para os seus males e bênçãos para os seus negócios.
A Igreja não homologou os milagres do padre Cícero. Ele foi inclusive acusado de mistificação e heresia. Em razão disso, após uma investigação realizada a mando do Vaticano, em 1894 ele foi suspenso de suas funções eclesiásticas, sendo inclusive proibido de rezar missas. Em 1898 o Papa Leão XIII lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas. Mas apesar da proibição o Padre Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro, pois os fiéis assim o exigiam e jamais deixaram que outro padre viesse ocupar o seu lugar.
Proibido de exercer suas funções sacerdotais Padre Cícero resolver entrar para a vida política. Em 1911, com a elevação de Juazeiro para a categoria de município, elegeu-se Prefeito e ocupou o cargo por quinze anos. Era uma época de muito conflito de terras no sertão nordestino. Cangaceiros e coronéis (fazendeiros oligarcas) eram as forças que disputavam o poder na região. Os ânimos se acirraram tanto que Padre Cícero teve que enfrentar uma luta armada contra alguns coronéis que achavam que ele fazia discursos politicos sediciosos em suas missas. Esse conflito obrigou o Governo Federal a ensaiar uma intervenção na região, a qual não se concretizou em virtude de um levante popular por ele liderado, o qual contou, segundo dizem, com a ajuda do bando do próprio Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampeão.
O fato é que Padre Cícero convenceu a população de Juazeiro a pegar em armas para enfrentar as tropas federais. A cidade se tornou uma praça forte, com centenas de sertanejos fiéis e cancaceiros, armados para defendê-la. Na iminência de um conflito de grandes proporções, o Governo Federal e os coronéis optaram por um acordo político. Assim, o Padim Ciço continuou no seu cargo e algumas concessões aos políticos da região foram feiras por ele.
A paz voltou ao sertão e o Padre Cícero chegou a ser nomeado vice-governador do Ceará. Depois foi eleito Deputado Federal, mas jamais exerceu nenhum desses cargos por que sempre se recusou a deixar a sua amada Juazeiro do Norte e seu povo. Seu poder e influência política, porém perduraram até sua morte, aos 90 anos de idade. Era um poder fundado mais no amor que a população pobre e desassistida tinha por ele do que pelos cargos políticos que ocupou.
Sua fama de santo não desapareceu com sua morte. Amplamente divulgado pela literatura de cordel, tornou-se uma lenda no sertão nordestino. Milhares e milhares de romeiros continuaram a ir até Juazeiro do Norte em busca dos seus milagres. Essas peregrinações continuam até hoje e a cada ano é maior o número de pessoas que visitam o Santuário dedicado ao Padim Çiço. A igreja e os locais onde ele viveu se tornaram centros de adoração. Juazeiro cresceu e se tornou uma cidade de forte apelo turístico com a mitificação do Padre Cícero.
Os sertanejos que buscam a sua graça nunca ficam decepcionados. São milhares as testemunhas que afirmam os poderes de Padre Cícero. Sendo ou não um santo legitimado, já que essa condição não é reconhecida pela Igreja, a verdade é que o Padre Cícero Romão Batista conquistou o seu lugar no panteão dos espíritos iluminados que souberam exercer os poderes e as habilidades de verdadeiro Curador. Por isso ele também merece figurar com destaque entre os arquétipos do Curador.
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DO NOSSO LIVRO QUATRO VIAS- NO PRELO