Retalhos do Mundo – Luís Giffoni

 

Presumo que, quem gosta de viajar e de ler seja fã de carteirinha de livros de viagem. Eu sou. Acabei de ler agora Retalhos do Mundo, de Luís Giffoni. Editora Leitura.

Comprei o livro porque planejando uma viagem para o Chile e Argentina, vi que havia um capítulo a respeito. Não era o mesmo roteiro que o meu, mas quase. Juntando os dois, o meu roteiro e o dele, aumentou a minha vontade de continuar a viagem de onde parei indo mais para o sul ainda. Ir até a terra dos pingüins. Eu tenho um carinho especial por pingüins, houve um tempo em que até os colecionei. Depois, acabei doando alguns e os outros estão encaixados. Mas ainda sobra um, grande, ocupando uma das paredes externas da geladeira. Nele escrevo recados, cumprimentos, boas vindas, lembro aniversários. É a primeira coisa que se vê ao entrar na cozinha. Giffoni, porém garante que pingüins não gostam de frio e que deve ser um castigo colocá-los na geladeira.

O livro contém várias observações sobre algumas das muitas viagens feitas pelo autor em diversos períodos de sua vida. Ele foi até ao Fim do Mundo (Índia) e escreveu sobre o Taj Mahal obra que uniu definitivamente a Arte e a Ciência, um canto de amor; aos Estados Unidos, mais especificamente a Califórnia onde viveu e estudou na adolescência. Ali encontrou cara a cara ídolos que fazem parte de nossas lembranças, como Jim Morrison e Paul Newman. Esteve ainda na construção da Transamazônica, como engenheiro estagiário. Em Bali, no Nepal e no México. Nenhum dos roteiros do autor é um roteiro comum, destes em que a gente vai simplesmente para esticar o corpo na areia ou ir às compras. São roteiros fascinantes e o que ele busca nessas viagens é encontrar a alma do lugar. Conheço bem essa paixão que nada mais é do que a busca por si mesmo e por aquele momento em que o que somos se revela em toda a sua plenitude. Comovente é a narrativa que ele faz sobre sua viagem a Argentina, denominada El Perro Triste – quando ele se sente completamente atraído pelo olhar de um cachorro. Se a leitura do texto já é inesquecível, imaginem o momento vivido.

Autor inteligente, suas observações vão além do óbvio. Não se limita a descrever e a narrar situações, mas reflete sobre elas e delas parte para reflexões sobre a vida.

Escritor premiado, esse foi o primeiro livro do autor que li. Certamente que procurarei ler outros porque os comentários na contracapa são altamente elogiosos. World Literature Today, que não sei exatamente o que é, jornal ou revista diz que Gifonni “Eleva a narrativa brasileira a novos patamares de talento”. Bem, pelo livro único que li, embora tenha gostado, achei esta afirmativa um tanto quanto exagerada. Mas vou conferir pois potencial ele tem.
 (01/11/2010)