O PRINCÍPE *
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MAQUIAVEL, Nicolau nasceu em Florença no dia 3 de maio de 1469, filho de um advogado, e de uma poetisa amadora. Cresceu em ambiente culto, herdando do pai uma vocação para os estudos históricos e jurídicos, que lhe foram úteis nos seus interesses políticos. A partir de 1498, serviu como chanceler, chefe da segunda chancelaria e, mais tarde como secretário das Relações Exteriores da República de Florença e desempenhou missões no exterior, sendo inclusive embaixador.
Maquiavel é diferente dos filósofos medievais, não tentou trazer Deus para o seu pensamento, a não ser para salientar que fingir-se de piedoso era bom para manter o povo feliz. Acho que ele realmente tinha interesse era no poder da política e em como obtê-lo, mantê-lo e usá-lo. Ele estava cercado de exemplos na Itália do século XV onde os principados mudavam de mãos com freqüência e com muitas traições. A maioria das pessoas fingiam que reinava por direito divino, necessidade hereditária ou bênção da Igreja. O autor só estava preocupado em analisar como alguém podia tomar o poder, justificar esse ato e conservar o poder. Muitos achavam que isso mostra o quanto ele era cínico e perspicaz, mas provavelmente essa atitude era mais realista do que se quer admitir.
Em o Príncipe, sustenta que um mundo corrupto precisa de um governo forte ou, em outras palavras, uma ditadura. Isso provavelmente visava a impressionar os Médicis que governaram, de modo que ele teve de continuar escrevendo. Vendo a corrupção à sua volta, chegando e checando a conclusão de que, em política, os meios para se conseguirem as coisas também tinham de ser corruptos. "Os fins justificam os meios." A frase mencionada exemplifica muito bem que qualquer meio é aceitável desde que eficaz e quem quiser ser um governante eficiente pode e deve usar de dois meios - um deles para a população e outro para si. É preciso também ser esperto, fingidor, realizar grandes empreendimentos e dar de si raros exemplos. Tudo isso parece negativo, mas é apenas uma constatação empírica do que ocorre na política.
Essa discussão sobre fins e meios é fundamental em toda filosofia política e moral e ninguém a havia proposto com tanta ousadia.
Na página 129 o autor faz uma dedicatória do livro "Ao Magnífico Lourenço de Médici. Embora eu considere esta obra indigna da presença de Vossa Magnificência, confio igualmente em que seja aceita graças à sua humanidade, considerando que eu não lhe possa fazer maior dom do que dar-lhe a faculdade de poder, em brevíssimo tempo, entender tudo aquilo que me custou tantos anos e tantos desconfortos e perigos para conhecer e compreender."
Em 1527, após o saque de Roma pelo imperador Carlos V, restabeleceu a república em Florença. Maquiavel, visto como aliado e o favorito dos Medici, foi excluído de toda atividade política, e repudiado pelas várias interpretações que faziam de O príncipe, livro bem conhecido entre os cidadãos pobres e ricos. Morrendo em Florença, pobre, amargurado, sem muitos amigos e desiludido.
Seguindo um método descritivo a partir de um levantamento bibliográfico, MAQUIAVEL, Nicolau objetiva, por meio de seu livro "O príncipe". Talvez seria expor a crueldade, mostrando-os mais como são do que como deveriam ser. Ou seria, a indignação com a decadência política e moral de sua terra e o livro serviria de inspiração para conquistar o poder absoluto, acabar com as discordias internas e expulsar os bárbaros estrangeiros do país. Prosador admirável, recomenda todos os meio inclusive a mentira, a fraude e a violência, para galgar seus objetivos.
Há manuais, histórias e estudos especializados sobre o assunto, mas poucos livros que tratam do tema simplesmente como tal. Neste livro, o estudioso que de ciências políticas, relações internacionais, filosofia, encontrará um pouco do que precisa.
O estudo feito sobre este tema leva constatar que as questões centrais do livro são as mesmas de qualquer obra de ciências políticas da atualidade: como obter alianças, acordos e negociações, as relações entre governo e povo, as políticas interna e externa, a corrupção e o favorecimento. E como o autor nos apresenta uma série de alternativas de respostas referentes ao que fazer ou não para conquistar a manutenção e preservação do poder.
* Rogério da Silveira CorrêaMembro da ACEIB – DF
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