O apanhador no campo de centeio

J.D. Salinger pertence ao restrito grupo de autores cuja assinatura transcende o âmbito literário para influencias toda a cultura de seu tempo. A grande realização de Salinger foi a criação de um personagem: o adolescente Holden caulfield, desajustado protagonista de O apanhador no campo de centeio, lançado em 1951.

Inquieto, desconfiado da autoridade adulta mas, igualmente deslocado entre os colegas de sua idade, Caulfield deixa a escola de elite de onde é expulso por causa das notas muito ruins para fazer uma peregrinação incerta e perigosa para Nova York. Errante, sem lugar no mundo, ele representa as angústias de todos os jovens marginalizados pela sociedade. Sua inquietude e sua revolta sem objeto anteciparam a cultura jovem contestadora das décadas seguintes.

Confuso, errante, irresponsável, Hoden Caulfield ainda se mantém como uma incógnita – o que realmente ele quer? Como pode ser tão privilegiado e tão infeliz? Só os leitores adolescentes às vezes tem a ilusão de entendê-lo...

"Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. (...) Se um deles começar a correr sem olhar para onde está indo, eu tenho de agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no capo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer."

(Trecho de O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO)