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Leitor- Bernhard Schilink
    Li o livro em dois dias. É fácil lê-lo. A linguagem é clara, os capítulos são curtos. Gostei. No entanto estou tendo difuculdade em resenhá-lo. Está faltando a palavra certa para definí-lo. Enquadrá-lo em minha memória.
     Quem é o leitor? Michael Berg, um jovem adolescente de quinze anos, que se apaixona por uma mulher desconhecida vinte e um anos mais velha  e que o socorre na rua. Uma Lolita as avessas? Não. Ela o ensina a tornar-se homem, mas a relação dos dois vai muito além disso. Ela gosta que ele leia para ela e assim os dois desenvolvem um profundo amor pela literatura. De repente, ela desaparece sem deixar rastros. Ele a procura em vão. Então a vida o leva para frente. Ela não deixou rastros, mas deixou marcas. Ele se transformou completamente.
    Estudante de direito, Michael vai com sua turma acompanhar um julgamento sobre crimes de guerra. Lá ele a reencontra. É uma das acusadas. Guarda em campos de concentração. Ele acompanha todo o julgamento. Como um observador. Ele age como se nada daquilo tivesse algo a ver com ele. E é essa a impressão que o livro me deu. Como se eu não tivesse nada a ver com ele. Gostei, mas não me emocionei. Foi assim que o autor escreveu o livro – sem transmitir emoção embora isso estivesse latente o tempo todo.
   O julgamento acaba e a vida continua. Para Hanna e Michael que seguem seus caminhos sem se reencontrarem cara a cara. Sem se falarem. Mas para sempre unidos. São muitas as questões que o livro suscita. A maior delas: O que leva uma pessoa a omitir um fato que poderia justificar suas ações e torná-las mais compreensíveis? O que leva uma pessoa a esconder um segredo ridículo durante toda a sua vida e mudar o rumo dela por causa desse segredo? Quando a resposta é a vergonha isso se torna muito triste. Muito. Michael descobre esse segredo mas não pode fazer nada. Ou não quer. Ou não tem direito. Ou coragem.
    As questões ligadas a culpa dos alemães  do após guerra também foram levantadas. Dos pais, que viveram a guerra. Dos filhos, levados a julgarem o comportamento dos próprios pais durante a guerra. E por aí afora.  
     Vale a pena ler? Vale. Conhecer a alma humana em seus aspectos mais doloridos sempre vale a pena. O livro recebeu muitos prêmios internacionais. Originou um filme com várias indicações para o último Oscar. E não sei  por que eu acho que vou gostar mais de ver o filme do que gostei de ler o livro. Vou conferir.