Um livro por dia – Jeremy Mercer

 

      Esse foi um dos livros que comprei atraída pelo título. Nem ao menos folheei. Tendo como subtítulo Minha temporada parisiense na Shakespeare and Company, deduzi que seria um livro sobre livros. Eu gosto muito de livros sobre livros, mas esse não é. Fiquei um pouco ressabiada e li de teimosa que sou. Com o título, conseguiram me enganar: o original tem o nome deTime was soft there. Acho que com este título eu não compraria.

       No livro, o autor canadense conta a história de como conseguiu abrigo em uma velha e peculiar livraria em Paris. Garante que é uma história tão verdadeira quanto possível. Se é que a verdade é possível em se tratando de literatura, completo eu.

        A Shakespeare and Company é uma livraria em Paris que tinha uma peculiaridade: ela abrigava escritores (ou pretensos) do mundo inteiro que em Paris não tinham onde ficar. Um lugar onde eu não conseguiria permanecer dois dias, quanto mais, meses. Era um lugar bastante esquisito. É claro, tinha livros para tudo quanto é lado, o que seria algo absolutamente fantástico. Mas também tinha camas, onde dormiam os alojados. E nenhum banheiro para ser usado por eles.

      Esta livraria, que o autor retrata, substituiu à antiga Shakespeare Company, que era ponto de encontro de escritores famosos como Fitzgerald, Gertrude Stein e Erza Pound. Hemingway a retratou em Paris é uma festa. Sua proprietária, Sylvia Beach foi quem levantou o dinheiro para publicar o Ulisses, de Joyce. Mas, em 1941, quando os nazistas ocuparam Paris, ela foi fechada e Sylvia mandada para um campo de concentração.

       A atual livraria foi fundada em 1951 por um norte-americano chamado George Whitman. Não sei se ainda existe e se existindo, quem é o seu atual proprietário. Quando o autor lá viveu, George já era um homem idoso, preocupado com os destinos de sua livraria.

        Jeremy conta histórias fascinantes, mas o que falta em sua narrativa é a ação da louca da casa: a imaginação. Ele conta tudo certinho e mesmo os acontecimentos mágicos não encontram nele um autor a altura. Achei a leitura chata. Mas fui até o fim, porque nunca perco a esperança. Não aconselho nem desaconselho a leitura. Aquela batida pergunta: que seria do amarelo se todos gostassem do azul?cabe bem aqui. Quem quiser conferir e discordar de mim, estou as ordens para uma réplica.