ESTRUTURA DA NOTÍCIA - JORNALISMO
ESTRUTURA DA NOTÍCIA
Por Ulisflávio Oliveira Evangelista
O jornalista e professor universitário Nilson Lage inicia sua obra intitulada “Estrutura da Notícia”, abordando aspectos históricos da informação e da comunicação enquanto ciência. No segundo capítulo, é explanada técnicas estruturais fundamentais para a composição da notícia impressa jornalística. No terceiro capítulo, Lage aponta futuros rumos a ser seguido pela notícia impressa, deixando para o quarto capítulo, um pequeno glossário de termos técnicos utilizados por jornalistas e profissionais dos meios de comunicação. O autor finaliza a sua obra, apontando diversas bibliografias segmentadas para uma melhor formação deste profissional.
Considerações iniciais
A linguagem enquanto aspecto cultural e não só como instrumento de comunicação é defendida pelo autor e comprovada, visto que a cultura é uma organização de sentidos e impressões de uma sociedade. E o processo de comunicação pode ser efetivado através da linguagem, mas não só através dela, pois este processo também é realizado ou representado por outros signos como a imagem, o som, a escrita...
A informação – bem de consumo essencial e ferramenta indispensável a um jornalista – é debatida pelo autor enquanto forma de conhecimento. É posto a discussão o caráter empírico do processo (experiência / prática) – que não gozava de prestígio – e o caráter cognitivo (teoria / conhecimento), que se tornava um bom investimento, desenvolvido principalmente, através da investigação científica.
O processo histórico da notícia, inicia-se através da linguagem falada – o italiano tornou-se a primeira língua moderna no campo literário – e posteriormente ganha força com a escrita, tendo seu precursor Gutenberg com a impressão da Bíblia em 1452. Mais adiante, é destacado por Lage, a impressão periódica datada de 1609 na Alemanha, em decorrência das províncias terem seus idiomas reduzidos a dialetos, além é claro, de um número cada vez maior de trabalhadores que aprendiam a ler.
Não demorou muito para que o empreendimento jornalístico torna-se empresarial e, conseqüentemente, o seu custeio ser em boa parte proveniente da publicidade. Outros fatores como os folhetins, as histórias em quadrinhos e o popular horóscopo também contribuíram para o aumento das vendagens dessa mídia.
Uma outra preocupação constante do meio e debatida pelo autor, refere-se à imprensa sensacionalista – histórias sentimentais e de crimes – e a imparcialidade na apuração dos fatos – buscando no espírito científico o respeito pelos fatos empíricos, cuidando para não avançar além daquilo que os fatos indicam.
Gramática da Notícia
A maior concentração dos estudos é dirigida a este tópico, pois cabe ao jornalista não apenas contar um fato baseado em informações ou fontes, mas, cabe ao jornalista contar o fato de maneira correta, coesa e concisa as informações destinadas à população, neste aspecto, enquanto leitor.
O autor ressalva várias dicas ao longo do capítulo, como a aplicabilidade da narrativa em ordem de importância (pirâmide invertida) e não por ordem cronológica do acontecimento. É destacada também a arbitrariedade que o jornalista possuí para iniciar e finalizar a descrição. Também é observado o emprego da terceira pessoa na narrativa, com algumas exceções, como é o caso de reportagens ou matérias especiais, onde o jornalista vivencia a situação, se passando por personagem da história. Utilizar se necessário, exemplos e comparações de fácil assimilação pelo leitor.
Outro assunto profundamente apontado pelo autor é o lead, que corresponde ao primeiro parágrafo da notícia impressa, cabe ao lead a resposta rápida e básica dos fatos através das seis perguntas – quem, quê, quando, onde, como e por quê – o lead também é conhecido pela fórmula 3Q + O + C + P. Como complemento ao lead, é enfatizada a documentação que acrescenta e detalha informações nos próximos parágrafos.
Ainda sobre a aplicabilidade do lead clássico é destacado pelo autor dois itens: não começar com verbo e iniciar com a circunstância mais importante na forma direta, ou seja, pelo sujeito.
O autor observa ainda, a aplicabilidade da informação jornalística em diferentes mídias e públicos e destaca o jornal-empresa – também conhecido como house organs – e a notícia no rádio e na tevê – que tem um caráter diferencial de tempo e de absorção da informação por parte do espectador.
A notícia hoje e amanhã
Neste capítulo o autor destaca a relação entre as mídias impressas e eletrônicas, afirmando ser possível o desaparecimento da mídia impressa em jornal diário, onde o impresso ficará a cargo de veículos especializados. Não só o formato é questionado pelo autor, mas também, o conteúdo. Segundo Lage, o futuro da notícia ficará mais bem representado através da reportagem que tem por matéria prima à informação constante, deixando a cargo da sociedade – leitor ou espectador – o direito de avaliar a informação segundo o seu próprio repertório, independente de formato ou conteúdo.
LAGE, Nilson. Estrutura da Notícia. São Paulo: Ática, 2004