A Mulher marcada
Na época de Sherlock Holmes as investigações dependiam mesmo do faro dedutivo do detetive, e atualmente assistindo séries televisivas como CSI, Desaparecidos ou Arquivo Morto, vemos que para solucionar o crime os policiais se baseiam na ciência e na tecnologia para comprovar pistas, solucionar casos ou descobrir quem é realmente o criminoso. Os romances policiais do século XXI também estão seguindo esta linha, principalmente na premissa de que para resolver um caso há uma equipe de policiais especializados. A coleção policial da Suma de Letras, selo da Objetiva, recém-lançada, vem trazendo ótimas histórias policiais, entre elas, destaco A MULHER MARCADA (tradução do sueco por Anna Nyström, 288 páginas, R$ 35,90), do escritor sueco Håkan Nesser (1950), um narrativa ambientada na fria Suécia, local não muito comum em histórias policiais.
O protagonista é o comissário Van Veeteren, um homem cético, solitário, meio que melancólico, mas experiente investigador, que Nasser apresenta no livro A REDE (Objetiva, 2005), estréia do professor escandinavo, que logo foi premiado como Melhor Romance Policial de Estréia da Suécia, e o alavancou à carreira mundial. Seu personagem possui até um seriado na TV, produzido em 2005, recebendo boas críticas pelo argumento psicológico, onde o comissário sempre busca compreender, sobretudo, as motivações secretas da alma humana que levam as pessoas a fazer o mal.
Nesse seu segundo romance, Nesser continua desenvolvendo sua história na fictícia cidade de Maardam e arredores, onde o versado Van Veeteren ajuda a polícia local a investigar um misterioso caso: um homem é assassinado em frente a sua casa com dois tiros no peito e dois na região genital. Entretanto, nada é roubado de sua residência. Inicialmente o caso parece um incidente isolado e só atrai a atenção da imprensa local. Porém, dias depois mais dois homens são encontrados mortos nas mesmas circunstâncias. A equipe de policiais investigadores reunidos, cada um com sua personalidade, procura pistas e apontam certas coincidências que levam o comissário a montar o difícil quebra-cabeça, que envolve as vítimas a algo que fizeram no passado, na época que estudaram juntos numa escola militar. O inspetor Munster, dá até a idéia que o assassino é uma mulher e após a descoberta que todos as vítimas receberam uma ligação telefônica com uma famosa canção dos anos 60 tocando ao fundo, supõe-se que todos os estudantes da época estão correndo perigo.
Mas após uma dica de um ex-aluno que mora na Irlanda, se revela que no dia da festa de conclusão do curso, um grupo de quatro alunos estavam com uma garota e que logo desapareceram para o centro da cidade, retornando somente no outro dia. Nesse grupo de jovens, havia as três vitimas do suposto serial killer, e o mistério do passado é revelado, os policias tem que correr contra o tempo para impedir que mais uma pessoa morra.
O autor utiliza referências de outros lugares europeus, mas grande parte do cenário está na gélida Maardam, a narrativa chega a ser previsível nas primeiras páginas, mas vale pela ambientação e pelos personagens. A série SUMA POLICIAL promete, com um projeto padrão, com cores variadas de capa e formato modelo, vale a pena conferir essa série que se soma às coleções lançadas por aqui no Brasil pelas editoras Record e Companhia das Letras.