"Valente" (The Brave One)
"Valente" (The Brave One)
Fui dormir com a Jodie esta noite. Havia a opção de dormir com a Julia (Roberts). Mas algo me disse: vá com a Jodie. E sabe o que ela falou: “se acaso me quiseres, sou dessas mulheres, que só dizem sim...”. Muito embora a intenção do sim dela não diz respeito ao Folhetim e sim ao obituário, fator que Erica Bain, a personagem vivida por Jodie Foster, vai emplacar de ponta a ponta, mas, vejam bem, a “capa” não faz mistério algum sobre o conteúdo. Bem como as primeiras cenas do Naveen Andrews, (o torturador do Lost), já deixando claro que a participação dele no filme vai ser curta. Tudo muito óbvio, e não serão estas mal traçadas que irão estragar sua tarde chuvosa ou sua noite enluarada.
Tratando-se de Jodie Foster, difícil supor a menina-mulher prodígio envolta em porcaria. O problema é o seguinte: na caixinha do DVD tem ela em close apontando uma arma, o titulo “Valente”, e a sugestiva indagação: Qual a diferença entre justiça e vingança?
Ora pois, depois dessa, precisa de resenha?
Mesmo um sujeito como eu, com um QI de dois dígitos, tendo visto a capa + frase + 5 minutos de filme, e o óbvio se mostrará, a 24 quadros por segundo, com música de fundo e Jodie e sua pistola na frente.
Ocorre que, para auxiliar a Jodie nesse fantástico deleite “meu cérebro não quer pensar”, tem o Neil Jordan na direção, cujo sangue irlandês se imortalizou na “Entrevista com o Vampiro” e em “Traídos pelo Desejo”, além do candidato ao Oscar, sem nenhum demérito, Terence Howard (que também fez “as vezes” de roteirista, ao longo de sua jornada, e como ator, brilhou no “Crash”.)
Não é um filme ruim e ela capricha num papel que nunca precisou de tanto capricho. Roliúdi adora que seus personagens tenham um pretexto para matar, e quanto maior o pretexto mais monstruoso se torna o vingador, desde os tempos do Charles Bronson até o quase recente “Chamas da Vingança”, com o Denzel Washington, ator à toda prova, cujas barbaridades que ele faz em “Chamas...” não está no gibi (já usavam essa expressão quando eu era criança). Erica Bain, na história, não se torna o monstro californiano mas vinga com consciência, por mais improvável que pareça essa afirmação e ou atitude.
No mais, “The Brave One” bem pode ser o título do filme de muitos brasileiros, que depois de troçentas conduções e uma ingrata jornada de trabalho, ainda tem de pagar pedágio – não para o Estado, mas para sujeitos com várias pistolas - a fim de que possam chegar em casa. Mas, ops, isso é uma resenha.