Iluminação e Magia X - GIORDANO BRUNO

GIORDANO BRUNO

“E amanhã a chuva levará

O sangue que a luta deixou derramar

Na pele a dor do aço tão cruel

Jamais a nossa voz vai calar

Um ato assim pode acabar

Com uma vida e nada mais

Porque nem mesmo a violência

Destrói ideais

Tem gente que não sente

Que o mundo assim

Ficará frágil demais

Choro eu e você

E o mundo também, e o mundo também

Choro eu e você

Que fragilidade, que fragilidade...”

(Letras da bela canção “Frágil”, do cantor e compositor Sting)

Filósofo, astrônomo, matemático, estudioso da memória humana, enfim, um autêntico pensador, o monge italiano Giordano Bruno [1548-1600] destacou-se na história do pensamento ocidental como um mártir na defesa da liberdade de idéias contra os dogmatismos da Igreja Católica em fins da Baixa Idade Média – portanto, em época de horrores instaurados pela Inquisição.

Pregando idéias inconcebíveis para o poder eclesiástico daquela ocasião – idéias, aliás, precursoras do pensamento filosófico moderno -, Giordano Bruno, na qualidade de defensor da magia natural, da reencarnação e da astrologia, não demorou para cair nas malhas da Santa Inquisição. Assim, morreu queimado na cidade de Roma, em 1600.

Por conseguinte, dando seqüência aos disparos contra a intolerância e a opressão, o diretor do filme “Giordano Bruno”, Giuliano Montaldo, consegue extrapolar no personagem Giordano Bruno (personagem histórico interpretado, de forma intensa, pelo ator engajado Gian Maria Volonté) a mera história da condenação de um herege renascentista. Nesse sentido, o objetivo de Montaldo é, na verdade, discutir todas as formas de inquisições de qualquer tempo: nisto consiste a atualidade do filme, consoante palavras do crítico cinematográfico Rubem Ewald Filho.

De outra parte, memorável é, no referido filme, a passagem em que Giordano Bruno é acusado de comodismo por um amigo, por tão-somente defender os prazeres humanos. Giordano Bruno, contrariado, responde, então, nos seguintes termos: “_ A filosofia jamais é cômoda.”; verdade, aliás, que Bruno experimentaria na carne e que viria a lhe custar a própria vida.

Por fim, todo o sofrimento de Giordano Bruno é uma representação ou um retrato do martírio pelo livre pensar.

“Giordano Bruno” é uma produção cinematográfica franco-italiana, de 1974. A direção do filme é de Giuliano Montaldo. O elenco é composto pelos seguintes atores e atrizes: Gian Maria Volonté, Hans Christian Blech, Mathieu Carrière, Charlotte Rampling, dentre outros.

PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

verão de 2005